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O que acontece quando um jogo chega ao fim?

Na indústria de games, ninguém gosta de falar sobre isso — mas todo jogo tem um prazo de validade. Em julho de 2025, o CEO da Ubisoft, Yves Guillemot, foi direto: “Nada é eterno. Em algum momento, o serviço pode ser descontinuado.”

A declaração veio após críticas ao fim de The Crew, e ao movimento Stop Killing Games, que acusa grandes editoras de encerrarem jogos online sem dar opções aos jogadores. A polêmica reacendeu um debate: quando um jogo deve, ou precisa, morrer?

Todo jogo um dia vai acabar

Hoje, muitos games online são criados com a esperança de se tornarem o novo Fortnite ou Destiny 2 — títulos que pareciam “eternos”. Mas a realidade é outra. Exemplos recentes como Concord, XDefiant e MultiVersus mostram que alcançar esse patamar é quase impossível.

Mesmo jogos consagrados, como Fortnite, um dia vão parar. A Epic pode parar de lançar conteúdo novo, os servidores vão desligar, e tudo aquilo que parecia eterno vai desaparecer.

Splatoon 3 e Mortal Kombat 1: dois caminhos diferentes

A Nintendo surpreendeu ao anunciar, antes do lançamento de Splatoon 3, que o suporte com conteúdo novo duraria apenas dois anos. Isso deu aos jogadores clareza — e até aumentou a sensação de valor durante esse tempo.

Já no caso de Mortal Kombat 1, a frustração veio pela falta de transparência. Fãs esperavam anos de atualizações, mas a “Edição Definitiva” trouxe menos de dois anos de conteúdo, o que decepcionou muita gente. A diferença entre uma “morte justa” e uma “morte prematura” pode estar apenas na forma como a publisher se comunica.

Por que jogos precisam morrer?

Manter um jogo vivo exige investimento. Se não houver conteúdo novo, os jogadores perdem o interesse. Mas, por outro lado, jogos com atualizações constantes também geram exaustão. Muitos se tornam um segundo emprego para quem joga com medo de perder algo.

Talvez a solução esteja na honestidade. Dizer, desde o início, que um game terá suporte por três anos pode parecer ousado, mas ajuda a criar expectativas reais — tanto para jogadores quanto para desenvolvedores.

O verdadeiro problema: quando o jogo some de vez

O caso de The Crew escancarou um problema maior: quando um jogo deixa de existir totalmente, inclusive para quem o comprou. E é isso que o movimento Stop Killing Games questiona. Afinal, o jogador não deveria ter o direito de continuar jogando, mesmo que de forma limitada?

Algumas soluções já foram tentadas, como modos offline ou suporte a servidores privados. Mas a indústria ainda reluta em adotar esses modelos de forma ampla.

O “para sempre” está acabando

Enquanto o público espera que seus jogos favoritos durem uma vida inteira, os estúdios precisam tomar decisões difíceis. O fim de um game não precisa ser um trauma — mas é preciso tratar o tema com responsabilidade, respeito e clareza.

No fim, talvez seja melhor saber quando um jogo vai acabar do que esperar por um “eterno” que nunca chega.